Dentro da sua cabeça ela gritava desesperada. Gritava tão alto que não conseguia nem ouvir os outros pensamentos que pediam calma por detrás dos gritos.
A sua frente, o pequeno bloco de folhas sentado calmamente sobre a mesa.
Prova de final de ano.
'A' prova de final de ano.
A última prova que ela faria como estudante do último ano do Ensino Médio.
Tantas coisas dependiam dessa prova... Sua faculdade, sua profissão, sua marca definitiva no mundo, seu futuro marido, seus filhos, sua casa com a charmosa cerquinha branca, seu primeiro carro simplesinho, seu segundo carro já mais caro, sua viagem para Amsterdam para comemorar os 30 anos em alta porraloquice... quem sabe até um Nobel da Paz! Tudo em cima daquela mesa.
'Ahhh, por que?! Por que agora?!' Ela se perguntava.
O que ela mais temia havia finalmente acontecido. Todos aqueles anos nunca acontecera, mas agora lá estava ele. O temido branco. Um grande e gordo branco preenchendo cada canto de sua mente, fazendo com que a matéria mais ou menos aprendida fugisse correndo para seu subconsciente, onde ela não poderia encontrá-la.
'Por que não fiz aquela cola?! Por que não estudei mais?! Por que?!'
Se você olhasse para ela sentada naquela cadeira, poderia vê-los. Os gritos mentais de auto-cobrança, os gritos que ela sabia que ia ouvir de seus pais quando falhasse, o grito de decepção quando sua melhor amiga soubesse que não iriam para a faculdade juntas, o grito mental que ela daria quando nada mais restasse, a não ser aceitar aquele emprego que ela odiaria até o final de seus dias, quando finalmente morresse de desgosto, sem familia, sem carreira, sem viagens, sem carros, sem amigos, sem prêmio Nobel... nada.
Na-da.
Suando frio e com um pequeno vulcão de formando bem no meio do seu estômago, ela levantou a mão e chamou a professora.
'Não estou me sentindo bem, posso ir ao banh...?!'
Antes que pudesse terminar, ela sentiu aquele calor sólido subindo pelo seu peito, rasgando bruscamente seu pescoço, e com lágrimas saindo pelos olhos ela vomitou todo seu almoço, junto com o seu nervoso, no colo da professora que gritou 'Ai que nojo! Odeio feijão com arroz!'
Ela respirou fundo e limpou delicadamente os lábios.
Percebeu então que os gritos haviam parado e imediatamente se sentiu muito melhor.
ah, vc é chique, é poética, é textual. eu falo um monte de coisa, um verdadeiro nonsense, mesmo. jujubas pra vc! bjs!
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